sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O tempo é uma questão de horas.

Hoje de manhã parei no meio da estrada. Um silêncio avassalador numa das ruas que nos habituámos a ver cheia de gente, daqueles silêncios que nos deixam a respiração ao pé do ouvido. Olhei para trás e nenhum carro, à frente nada vi e ali fiquei. Foram segundos e em segundos tudo o que passou consegui ver, tal como tempo. Num ano existem horas de todo o tipo: sorte, prazer, alegria, espera...muitos tipos que resumem aquilo que perdemos sem sentir – tempo.

Hoje de manhã parei no meio da estrada e nem senti, tal como tempo. Olhando-o vejo que me lembro de cada passo que dei nessa concha de tempo que é um ano. Festejei muito só porque sim, ouvi muita música boa, escrevi menos do que queria, errei muito e acertei ao errar, conheci das pessoas mais extraordinárias que existem, chorei a rir e nem tanto, vi lugares que antes não vira, li coisas que me ensinaram a ser melhor, falei mais comigo mesma do que antes, abracei e beijei mais,  comecei a correr e correr faz-me relativizar...e ficaram verbos por conjugar que andam connosco de mão dada todos dias, cada vez mais. Pego num deles ao colo e guardo-o junto a mim.

Vai acabar tudo bem, sei que sim, é uma questão de tempo. 

sexta-feira, 12 de novembro de 2010




O Senhor João não tinha ninguém e sem saber teve toda a gente.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Frases que mudam dias.


Hoje contaram-me sobre um documentário que envolve cartéis de droga e métodos de tortura. Um desses métodos consistia em envolver uma pessoa num cobertor a ferver, retirá-lo e a seguir puxar as camadas de pele uma a uma (temos seis). Ainda havia álcool envolvido, de resto como em muitas ocasiões da nossa vida.  E eu lembrei-me de ti. De como me recebeste calorosamente, embrulhaste no teu cobertor e a seguir começaste a retirar a pele. Camada a camada ela foi saindo até que fiquei sem nenhuma. Temos seis e eu tenho a sensação que tiraste mais do que isso. O teu álcool foram as palavras que disseste e aquelas que ocultaste. Sabias que ignorar-me funcionava e fizeste questão de provar que eu não valia o esforço. Conseguiste fazer-me acreditar que as pessoas gostavam de me ter perto porque tenho piada, sei umas coisas e tenho alguma presença. Nada mais.

Hoje além do documentário ouvi uma frase, que me fez recuar no tempo e ficar paralisada na rua. A mesma frase. E percebi que a pele voltou a existir, camada por camada, com a mesma espessura. O teu álcool infelizmente ainda não saiu das veias do inconsciente e às vezes dou por mim a pensar que aquilo que disseste um dia, pode ser verdade.

Fecho os olhos e não adormeço. Abro os olhos e não acordo. Por enquanto mantenho-me no espaço entre estes dois estados, até que alguém consiga (queira) acordar-me totalmente ou adormecer a meu lado.


terça-feira, 26 de outubro de 2010

Canções como eu.

O que respondemos?

Quando alguém que devia receitar químicos, receita-nos amor e carinho? Diz-nos que devíamos fazer um estágio, onde só recebesse-mos coisas boas, porque é isso que nos vai tirar da linha d’água?

Há alturas em que não tenho resposta. E nem sei se tudo bem.

domingo, 24 de outubro de 2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O telefone toca, atendo. Ela está em silêncio e eu espero.

1- Ele traiu-me.
2- Nem sei que dizer. 
1- Eu sei que tenho defeitos.
2- Todos temos.
1- Tu és melhor que eu.
2- Não sou e não estamos a falar de mim.
1- Achas que ela não tem defeitos?
2- De certeza que tem.
1- Perguntei-lhe se ela é perfeita.
2- Não devias.
1- Ele disse que não.
2- Ok.
1- Eu acho que sim.
2- Não penses nisso.
1- Gosto dele.
2- Ok.
1- Ele diz que gosta de mim.
2- (silêncio)
1- Vou ver o que ele quer fazer.
2- Conta comigo.
1- Eu sei. B.?
2- Sim.
1- Há sempre alguém melhor do que nós?
2- (silêncio) Há sempre mais pessoas querida...mas se ele gostar de ti, pode vir quem vier que não abala isso.
1- És a pessoa mais espectacular do mundo.
2- Não sejas tola.
1- És mesmo.
2- Obrigada.
1- Sabes porquê?
2- (riso) Não faço ideia. 
1- Por isso mesmo, és tanto e nem fazes ideia.
2- Já decidiste o que fazer?
1- Ele que decida.
2- Tens esperança que decida lutar por ti.
1- Tenho.
2- Eu também.



Nestas alturas penso sempre que o amor não é isto. A grande questão, é que às vezes é. 

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Há muitos anos atrás.

O dia que até ali estava bem levou uma volta de 180º. O mundo não parou, apenas o meu ficou estático e eu peguei no telefone para ouvir uma voz. A voz não estava...não esteve. Seguiram-se momentos de agonia e a voz continuou sem soar. O dia fez-se noite e a noite dia. A mensagem que enviei não foi respondida, mesmo expressando que algo se passava. A voz não soou, apenas palavras foram escritas em teclas. Eu não precisava de teclas. 

Nesse dia descobri a fórmula que podem usar se me quiserem magoar a sério: Ignorem-me.
Alguém que queira arrancar-me a pele e passar álcool na carne viva, faça isso. No dia em que o dia deu a volta, eu dei com ele e além da volta dei uma queda. E já no chão, vi o que é nem sequer ter relevância no pensamento do outro. Nesse dia conheci um ponto fraco que desconhecia, sabendo que nunca o poderei combater com mil fortes.

domingo, 17 de outubro de 2010

Às vezes detesto ser humana.

'Ah...está ali uma pessoa a morrer no chão, tens uma pastilha?' 

Gosto de escrever cartas.

E esta saída do Californication, quase me faz acreditar que o amor existe.


"Dear Karen,

If you're reading this, it means I actually worked up the courage to mail it so good for me. You don’t know me very well, but if you get me started I tend to go on and on about how hard the writing is for me.

This is the hardest thing I ever had to write. There’s no easy way to say this so I’ll just say it, I met someone. It was an accident, I wasn’t looking for it, I wasn’t one the make it was a perfect storm. She said one thing and I said another and the next thing I knew I wanted to spend the rest of my life in the middle of that conversation. Now there this feeling in my gut that she might be the one. She completely nuts in a way that makes me smile highly neurotic, a great deal of maintenance acquired. She is you Karen, that’s the good news. The bad news is that I don't know how to be with you right now, and that scares the shit out of me. Because if I am not with you right now I have this feeling we will get lost out there.

It’s a big bad world full or twist and turns and people have a way of blinking and missing the moment. The moment that could of changed everything. I don’t know what’s going on with us and I can’t tell you should waste a leap of faith on the likes of me. But damn you smell good, like home and you make excellent coffee that has to count for something. Call me!

Unfaithfully yours,

Hank Moody"


Dizem que sou doida e que cheiro bem, há esperança portanto. Amén Hank.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Pequenas considerações

- O dia pode correr muito mal e ainda assim correr bem.
- Se deixarmos o pacote de bolachas aberto por preguiça, as bolachas amolecem e arrependemo-nos.
- Ser romântica é um desastre.
- Continuo a gostar de escrever cartas.
- Ter aprendido a fazer massagens com o meu pai é porreiro, mas depois nunca ninguém mas faz.
- Não consigo resistir ao bolo de bolacha do sítio de sempre.
- Apetece-me muito o que não posso dizer alto.

Largar a mão


Por mais voltas que consigamos dar aos argumentos, há alturas em que já não temos volta a dar. Admitimos o inadmissível e seguimos em frente, sem medos. Ontem deitei-me na cama enquanto esperava a calma e pensei muito. Percebi que tenho um muro imperceptível, porque todos acham que sou acessível, que não consigo chorar perante os outros de forma fácil, porque não gosto de mostrar fragilidade e acima de tudo percebi porque provoco os outros. Não é um acto pensado, nunca foi, mas existe e é irritante, para os outros e também para mim. O muro que construí é feito de movimentos bruscos, que tentam mostrar que sou forte, que não me deixo enganar e levar. A realidade é que não sou forte como pensava, acredito nas pessoas e muitas vezes elas desiludem-me. E depois sem saber porquê atiro frases provocadoras para ver o resultado, ficando depois triste comigo mesma por fazer isto a quem gosto. O problema é que ontem do nada consegui explicar a mim mesma o que é isto. Ontem expliquei-me que no fundo quero ouvir da boca dos outros o contrario do que digo, quero ouvir que estou enganada e que afinal está tudo bem. As pessoas que passam por isto normalmente são aquelas de quem mais gosto. Essas pessoas são aquelas em quem confio, portanto ‘picá-las’ não faz sentido e só me faz passar por ‘uma gaja lixada’. Nunca fui assim, o tempo fez-me desta maneira e eu não quero mais. O verbo mudar nunca foi fácil de conjugar, em nenhum dos tempos, mas eu já decidi que o presente e o futuro ficam-me muito bem.

sábado, 9 de outubro de 2010

00:00:05

São momentos muito breves, mas acontecem. Segundos em que fico gelada com o pensamento na garganta. Momentos passageiros é verdade, mas que nos acordam ou adormecem, nem sei bem.

'Se desaparecer neste exacto momento, pouca gente irá dar pela minha falta.'

E são dos segundos mais longos que existem. 

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Cortar unhas - Acto Isolado

Estação do Cais Sodré perto das 9:00 da manhã. Uma,duas, três, quatro, cinco portas e entro, procuro lugar e sento-me. O lado esquerdo está cheio, resta o lado oposto ao mar. Arranca. Hoje não leio, fecho os olhos e...'crac, crac, crac'. Não abro os olhos, meto a mão na mala sem ver e saco os phones, em movimento rápido ponho e ligo a música. O barulho é demasiado sonoro para não ouvir. As persianas abrem e lá está ele a cortar as unhas, como se estivesse numa gigantesca casa-de-banho e nós com ele. Olho-o fixamente, ele retribui e continua na dele. O resultado está no chão por baixo do seu banco...unhas e mais unhas acumuladas. Olho-o novamente e ele nada. Penso que por magia o corta-unhas podia arrancar-lhe meio dedo, que eu não ia mover palheta para ajudar. E se estão a pensar que estou a exagerar, não pensem, eu parei de conseguir fazer isso logo de manhã ao soar do primeiro 'crac'. 


Sem merdinhas

Apetece-me andar nua em cima de ti. 

E depois enrolar-me no lençol como nos filmes e passear-me pela casa. Fumar um cigarro sem me importar com quem está à janela porque vou estar em personagem 'noir'. 

Sem merdinhas hoje apetece-me mimo, daquele que não se compra em prateleiras da h&m. Daquele que se encontra facilmente no chão da sala.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A palavra que se aprende a ouvir.

Desde miúda que oiço a seguinte frase 'tens de aprender a dizer sim'. Por várias vezes dei por mim a pensar o que significava, hoje em dia sei. Nunca fui pessoa de pedinchar, exigir ou coisa que o valha e era isso que incomodava. Lembro-me bem do dia em que me quiseram dar um carro e recusei. A carta ainda não tinha sido tirada e não via necessidade nessa despesa. Os amigos chamaram-me tola, eu chamei-me racional. O meu não sai normalmente em prol dos outros e não de mim mesma. O meu não recusa o excesso que não me é necessário. Se me pedem um favor o meu não deixa de existir. 
O não dito é diferente do não ouvido. E o pior não que podemos ouvir, é aquele que dizemos a nós mesmos. Aquele não que nos obriga a agir racionalmente, deixando a emoção de lado. Esse, faz o coração ficar colado às costas sem passar pela casa da partida. Sustemos o ar e seguimos em frente, num caminho que às vezes parece mais enevoado que uma estrada nacional nortenha. 
Desde miúda que oiço a frase 'tens de aprender a dizer sim'. Desde miúda que acho que temos todos de aprender a dizer e ouvir um não.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

sábado, 25 de setembro de 2010

Os amigos e conselhos.


Às vezes tenho laivos de 'queridismo', normalmente quando alguém está a falar de uma relação e pede conselhos. Sempre tive muitos amigos que recorrem à minha pessoa na procura de respostas. Tenho-as? Não, mas eles ficam a sentir-se melhor. Um destes dias dei por mim a dizer:

Isto ao fim ao cabo resume-se a sabermos que podemos viver sem aquela pessoa, mas não querermos...preferirmos viver com. 

O meu amigo ficou parado e depois soltou um palavrão. Soou a bingo. Acho que foi mais uma linha, que eu de amor percebo pouco.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Há sempre tempo.


Qual a última vez que falaste com ela?

Não sei.

Porquê?

Acho que me passou.

Ela foi-se.

Quê? Mas não cheguei a dizer que...

Pois

E agora?

Já não há tempo.

Merda.

Isso.

Não prestei atenção.

Eu sei, só não sei porquê.

Ela foi quando?

Quando se cansou.

Isso foi há muito?

Não, ela ainda aguentou uns anos.

E agora?

Agora nada.

Mas eu não lhe disse...

Eu sei.

Tu disseste?

Sim

E?

E sorriu.

Mas eu não...

Eu sei.

 

‘Há sempre tempo’. Não há. Um dia já não estamos lá e já não queremos ouvir. Um dia o tarde é agora e já passou. E ficamos com palavras a mais no dicionário da língua. E o gosto é amargo, sabe a coisa nenhuma misturada com arrependimento. E quem estava já não está, porque os corações também se gastam, principalmente de derem sem receber durante anos a fio.

Nem sempre me disseram, poucas vezes me cansei, mas das vezes que perdi a força já não olhei para trás e segui. Respiro fundo e sei que quem ficou, perdeu mais do que eu. Mais que não seja, deixou de sentir o lado doce das palavras.


sábado, 18 de setembro de 2010

Frases que nos deixam felizes

'O que importa é o agora'. 

Tão simples e tão bom. E ouvir isto daquela voz arrepia.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Porta de entrada


Hoje uma música levou-me a um lugar que tem recebido mais visitas minhas do que gostaria.  Um lugar onde a pele não existe e os olhos têm mais água que todos os oceanos juntos. O chão passa a ser a minha casa e ali fico...a tentar respirar. Olho o tecto e a sensação de estar a sufocar ocupa-me a garganta e o peito. Não sei porque volto àquele lugar, se sei que as visitas são dolorosas, porque insisto em lá estar? Não insisto...simplesmente estou, sem saber como sair. Fecho os olhos e vejo o que tenho, abro os olhos e vejo o que não tenho e volto a fechá-los. Sorrio. Sei que existe um mundo para lá deste sítio que me consome. Oiço a música em modo repetido e dói-me o lado esquerdo. Dói de uma maneira que não aleija, mas corrói as paredes da alma. Sorrio. Sei que a alma regenera-se sozinha por muito que a maltratem. 

Há tempos atrás parei muito por aqui, sabia os cantos à casa de cor. Hoje estou de passagem, embora não totalmente recuperada, passeio por aqui contornando o labirinto. Há labirintos mais fáceis que outros e o meu tem um grau elevado de dificuldade, sinto isso, sei disso. Não me atrapalho e sigo, mesmo que tenha de usar atalhos. Sorrio. Há quem me ajude a andar por aqui, mesmo não tendo a noção disso. Fecho os olhos e vejo o que tenho. Deixo-me ficar até que os oceanos sequem.


domingo, 12 de setembro de 2010

M.e.d.o.

Pessoas ‘normais’ que têm mais de mil amigos no facebook.

[ Atinem pá! Aquilo não é o concurso de miss simpatia, nem um site de arranjinhos amorosos. ]

Pessoas que fazem ‘like’ aos seus próprios links.

[ Se colocam um vídeo ou música na vossa wall provavelmente é porque gostam, um like neste caso é no mínimo...parvo vá.]

E sim esta maltosa dá medinho só de olhar o perfil.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Carruagem 21

O comboio quase perdido deixa de ter pressa quando piso a estação. Os bilhetes passaram a mensagens no telemóvel ou talões de multibanco, mas há uma coisa que não muda: a saudade de quem vai ou fica. O brilho no olhar de quem não sabe se dá um abraço ou um beijo, se diz adeus com a mão ou um até já com piscar de olhos, tudo entra no comboio ou fica caído na estação. Lá dentro procuram-se lugares, empilham-se malas e ajustam-se corpos aos bancos. A música invade os ouvidos e fechamos os olhos. Durante largos minutos o mundo é o que quisermos, o presente é ali e o futuro tem a forma de um carril. A noite cai e o primeiro pé a sair da carruagem é o esquerdo, não gosto do previsível e lá vai disto.

O corpo não mexe, apenas os olhos observam e fixam a imagem: pessoas que esperam, portas de carro abertas, sorrisos rasgados e tudo a que um cenário de chegada tem direito. O meu sorriso também está lá e é o mais bonito de todos. Faz sinal com a mão e o plano muda.

Há lugares que não são lugares. São espaços que partilhamos com algumas pessoas. Situam-se entre os olhares que se trocam, frases que se dizem, a entoação que usamos, o toque, a cumplicidade ou algo cósmico que não se explica, apenas existe. Há lugares que se guardam na pele e na gaveta das pálpebras. São aqueles onde queremos voltar muitas vezes, porque sentimos uma estranha calma que nos deixa respirar e saber que ali somos nós despidos de tudo. E que essa nudez diante de algumas pessoas é natural.

O regresso é em silêncio, daquele que é feito de sons que há horas atrás era audível. Não sabemos se iremos voltar àquele espaço que não é só nosso. Não sabemos se nos querem de volta. A música invade os ouvidos e fechamos os olhos. Fico por momentos na palavra saudade e de como cada um a sente. Abro os olhos e encosto a cara à janela...a noite caiu...não se vê nada, nem o carril que tem saudades do futuro.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Olha para trás.


E diz-me o que vês. 
Só andarás para a frente quando atrás de ti existirem pegadas que não secam o chão.  Daquelas que não fazem a terra estalar, mas que também não desaparecem por completo, para te dizerem de onde vens. Segue e mantém a visão periférica atenta, esquecendo-te dela com quem seja merecedor de tal honra. Se perderes a estrada opta pelo caminho mais longo, os atalhos não deixam gosto de sal na boca, nem consegues as nódoas negras que precisas no passaporte que é o teu corpo. Junta as memórias que mais te marcaram e segue. Não escolhas apenas as boas, será impossível fazê-lo, mas nem tentes porque de nada adianta só ter memórias felizes. Procura uma gaveta do lado esquerdo para colocar tudo e arruma-a por temas, não os mistures, nunca os mistures. Se algum dia a gaveta encravar ou cair e o conteúdo espalhar-se, mantém a calma e observa. Olha bem e vê se afinal tudo o que lá estava faz falta. Se sim, volta a arrumar como fazes com as meias, se não, deita fora como aos jornais que perdem relevância.

Olha para trás e diz-me se te vês. Se estiveres lá anda calmamente até ti, fecha os olhos e dá-te a mão. Fica assim uns minutos e olha para a frente. Se te vires não faças nada, deixa ir e segue atrás. Vê-te a seguir caminho e não interfiras. Senta-te num banco, porque um dia o lado esquerdo vai dar de si. Nesse dia a gaveta irá cair e tu terás de ir dar-te a mão, como fizeste contigo. Lê um livro ou ouve música, mas não esperes impacientemente, porque com sorte ficarás aí por muito tempo. 

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O amor é fonito.

Uma mistura entre bonito e fodido como é óbvio. Podia dissecar isto, mas acho que toda a gente já sentiu ambos os lados da moeda: 
'Ai que estou tão apaixonada e ele gosta tanto de mim, o mundo é belo e amarelo. Vamos ser felizes até far far away.'
ou
'Ai que estou tão apaixonada e ele...nem por isso, o mundo é uma merda. Nunca mais vou ser feliz e far far away é para onde irei mas all by myself.'
Portanto vamos encarar a realidade: O mundo não é justo. Se fosse eu já tinha ganho o euromilhões e tinha um teatro só meu e uma produtora musical. Ah e uma biblioteca. Tenho? Não, portanto voilá isto é uma grande treta. E choramos e perdemos a força, porque não sabemos como ultrapassar os desgostos. E perdemos a respiração e não sabemos o que fazer a tanta energia, porque estamos demasiado felizes e nem acreditamos estar a passar por isso.
Daí dizer há muito tempo que é fonito.

E sim acredito que apesar de tudo e mais alguma coisa que nos acontece, tudo acaba sempre por passar. E sei isto porque hoje uma amiga perguntou-me 'para ti o que é o amor?' e quando percebi esta foi a resposta que escrevi:

- é estar a ter um pesadelo e acordarem-me com um abraço.
- é uma pessoa que se transforma num lugar.
- é acordar de manhã e não ter de olhar para o lado para saber tenho ali amor incondicional.
- é não teres medo de seres tu.
- é não conseguires respirar só de pensar que aquela pessoa pode desaparecer do mundo.
- é saberes que vais chegar a casa depois do pior dia de sempre e que não vais precisar dizer nada, apenas deitar-te no sofá ao colo de alguém e esse alguém vai afagar-te o cabelo e dar-te beijinhos só porque sim.

Achei que bastava e parei. Li o que tinha escrito e porra que afinal até sou um bocadinho nhónhó. Só assim 2%, para não acabar num programa da Fátima Lopes a dizer 'nunca mudes', 'obrigada por existires' e outras coisas que o valha.

Hmm...sinto que devia ter dito 'é quando nos dão beijinhos nas maminhas e mexem no rabo', mas achei demasiado romântico.


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Orgulho de ex-aluna

Grande este senhor, muito.

O que sempre soube das mulheres, mas tive à mesma de perguntar.

Tratam-nos mal, mas querem que as tratemos bem. Apaixonam-se por serial-killers e depois queixam-se de que nem um postalinho. Escrevem que se desunham. Fingem acreditar nas nossas mentiras desde que tenhamos graça a pregá-las. Aceitam-nos e toleram-nos porque se acham superiores. São superiores. Não têm o gene da violência, embora seja melhor não as provocarmos. 
Perdoam facilmente, mas nunca esquecem. Bebem cicuta ao pequeno-almoço e destilam mel ao jantar. Têm uma capacidade de entrega que até dói. São óptimas mães até que os filhos fazem 10 anos, depois perdem o norte. Pelam-se por jogos eróticos, mas com o sexo já depende. Têm dias. Têm noites. Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível. Inventaram o telemóvel ao volante. 
São corajosas e quando se lhes mete uma coisa na cabeça levam tudo à frente. Fazem-se de parvas porque o seguro morreu de velho e estão muito escaldadas. Fazem-se de inocentes e (milagre!) por esse acto de vontade tornam-semesmo inocentes. Nunca perdem a capacidade de se deslumbrarem. Riem quando estão tristes, choram quando estão felizes. 
Não compreendem nada. Compreendem tudo. Sabem que o corpo é passageiro. Sabem que na viagem há que tratar bem o passageiro e que o amor é um bom fio condutor. Não são de confiança, mas até amais infiel das mulheres é mais leal que o mais fiel dos homens. São tramadas. Comem-nos as papas na cabeça,mas depois levam-nos a colher à boca. A única coisa em nós que é para elas um mistério é a jantarada de amigos – elas quando jogam é para ganhar. 
E é tudo. Ah, não, há ainda mais uma coisa. Acreditam no Amor com A grande mas, para nossa sorte, contentam-se com pouco. 

Rui Zink, in "Jornal Metro"

sexta-feira, 30 de julho de 2010

It kills me how some people die.

Há actores que são culpados por este meu amor pela representação. 
És (foste) um deles. Obrigada António, de Feio nunca vi nada em ti.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Onde estás tu D.Sebastião?


Foi a frase que mais me ocorreu durante os 3 dias do SBSR deste ano. Sou totalmente da opinião que tanto pó tinha de ter um objectivo, o regresso do rei seria claramente de valor. Na verdade mesmo que ele tenha colocado os pés na Herdade do Cabeço da Flauta, passou despercebido, ninguém via nada e todos nós perdiamo-nos no meio da poeira. 
Analisemos portanto o slogan deste ano: 
Meco - Onde? É no meio do raio da flauta que o recinto está situado, por isso as belas vistas do mar e areia bonita esqueçam. Malta nua havia, nos 3 chuveiros que colocaram no parque de campismo ( peço desculpa pelo exagero, campo de refugiados vip vá).
Sol - Confirma-se.
Rock n'Roll - A...houve música muito boa sim senhor, mas rock n'roll pouco.
Se este slogan foi mal escolhido? Foi, mas isso não é uma novidade para mim. Prossigamos.
Não fiquei parada em filas intermináveis, porque o meu bom-senso pediu-me 'pelo o amor que tens à tua sanidade vai cedo' e correspondi ao pedido. Confesso que no terceiro dia demorei mais que o normal para lá e para cá, mas rondou 1 hora e picos, nada de eternidades. 
Onde demorava era mesmo para pedir comida, ir ao wc (miseráveis diga-se, que merda é aquela de continuarem a optar por bidons de plástico?) e coitados dos que ficaram sem dinheiro no fim-de-semana, a fila do multibanco tinha tanta gente que comecei a acreditar tratar-se de um 4º palco, com espectáculos alternativos. E quem é que se lembrou de juntar a zona de imprensa com a zona vip e dar-lhe o nome de: Forte? Meus caros, forte têm de ser as drogas que andam a tomar. Levam um festival urbano para o campo, juntam malta que está a trabalhar com zona de lazer de quem não mexe peida, acreditam que o pessoal gosta de acampar em modo refugiados do Darfur, que não nos importamos de comer, beber e respirar terra e já agora colocarem Empire of the Sun às 2:00 de um Domingo, quando no Sábado às 2:00 já os palcos estavam quase 'mortos', foi genial. Eu se não estivesse ainda a drenar do nariz a terra que snifei inadvertidamente levantava-me e batia palmas. 
Mas eu gosto de me concentrar no importante: a música. Pois que foram grandes concertos e os horários foram cumpridos. Bravo. E ficamos por aqui nos elogios, porque o sucesso da parte musical deve-se exclusivamente às bandas e às suas equipas. 
Um obrigada aos amigos com quem fui e fizeram destes dias um espectáculo! Nem quando me deu o fanico da falta de ar eles deixaram de me animar, são os melhores. E fartei-me de encontrar gente, o que me leva a crer que o mundo está cada vez mais parecido com um penico dos Nenucos. 
Entretanto já imagino o SBSR do ano que vem...vai ser brutal! Ah espera, se for no Meco talvez não. 



quarta-feira, 14 de julho de 2010

Há pessoas com o umbigo maior que o coração.

E isso é um bocado triste, não? Certo é que até se saem bem na vidinha. Sublinho o 'inha'.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Um beijo emocionante

Espanha e Holanda na final do campeonato do mundo. Espanha ganha, merda, seguem-se os festejos e as reportagens. Por esta altura já sabem do que estou a falar, o beijo que o guarda-redes da La Roja deu à sua namorada. Casillas e Sara num beijo meio torto, sem ninguém estar à espera. 'Madre mia' disse ela a seguir, 'Oh por favor' digo eu. Tanto alarido por um beijo? Ah e tal quebraram o protocolo...repitam lá? Mas o gajo é algum chefe de estado? Só ontem cerca de 6542 amigos colocaram o vídeo nas redes sociais e acreditem que a maioria eram...homens. Paira a dúvida se acharam o gesto bonito, ou se apenas olharam para a namorada do espanhol, mas para ser sincera tanto se me dá. O que é certo é que ali só vejo um namorado que acaba de ter uma alegria e a partilhá-la com a pessoa que ama. Isso é espectacular? Não, apenas natural. E pronto é oficial: Sou a única pessoa no planeta a não emocionar-se com o amiguito espanhol a dar um chocho (reforço o torto) à señorita. E sabem que mais? Gosto de acto espontâneos, mas isso para mim é natural...what else?

terça-feira, 6 de julho de 2010

Há dias que nos mudam.

Está um calor fora do normal para a hora, são 20:40 quando entro no comboio. O ambiente está estranho, sento-me e ligo a música que me enche os ouvidos. Passados cinco minutos entram de rompante, vindos de outra carruagem, três polícias de metralhadoras  em punho. Baixei o som e tentei perceber o que estava a passar, o barulho era demasiado para conseguir entender qualquer coisa ali no meio. Sou observadora é um facto e foquei a minha atenção nos olhares dos polícias...percebi de onde vinha o problema. Na minha cabeça uma frase ‘Quero sair daqui’. O barulho das rodas no carril fazia-me tremer, não parava, tinha de parar. Saio ou não? De repente ao fundo da carruagem um som. Nunca presenciei um disparo na vida, mas creio que hoje foi a primeira vez. O pânico instalou-se e só foi contido por um polícia que disse alto tratarem-se de balas de borracha. Não acalmei. Só queria sair dali. 

Apercebi-me que tenho medo que alguma coisa me aconteça. Sempre tive a sensação que esse receio apenas se transportava para os que mais amo, mas não. Houve ali uma fracção de segundo que fez o clique. Tenho realmente medo de ir embora, sem me conseguir despedir da família que tenho hoje e conhecer a futura. As portas abriram e dei graças a Deus pelo ar quente da estação. Desci as escadas e nem me lembro da viagem até à fnac. Comprei um livro e agarrei-me a ele como a uma tábua de salvação. Dei-me conta disso quando ia a meio do Chiado e vi que a mão que agarrava o saco estava transpirada, força a mais. 

Subo o eléctrico em modo automático e sento-me. A senhora no banco onde me sentei está atrapalhada, quer atender o telemóvel, não o encontra e a criança que tem ao colo não facilita a tarefa. ‘Quer que pegue nele?’ Nem sei porque disse aquilo, sei que a senhora sorriu e o bebé esticou os braços como se me conhecesse. Fiquei ali sem dizer uma palavra. O livro cai, a senhora apanha-o e fica com ele na mão enquanto decorre o telefonema. Ela tem a minha tábua e eu tenho a dela. O bebé cheira bem, acho que cheiram sempre bem e eu sinto uma enorme vontade de chorar. Devolvo a criança e a mãe agradece tocando-me na mão. Saio e subo a rua. 

O vento ajuda e num acto tão comum em mim abro o livro e começo a ler. Abro a porta, entro e sento-me no sofá. As semelhanças que tenho com o que leio deixam-me em carne viva. Fecho o livro, dispo-me e entro no banho. A água ajuda a salpicar as ideias. Sem saber bem como, a água que tenho na cara já não sai do chuveiro, mas de mim. E se de repente eu visse que tenho medo de morrer? E se aquele meu lado que gosta de estar só me desse um soco no estômago enquanto pego um bebé? E se de repente eu percebesse que sou humana? 

A banheira está vazia, o livro com as palavras que já se entranharam sem pedir licença ao meu lado, a casa em total silêncio e nas mãos uma réstia do cheiro a vida que hoje agarrei.

Esse belo espécimen: O fogareiro

Quando entramos num táxi esperamos o quê? 
Várias coisas é verdade, entre elas ouvir a rádio Amália, mas a mais comum é querer chegar ao nosso destino de forma célere e eficaz, confiando que o condutor conhece Lisboa como a palma da sua mão.
Apesar das conversas de nada que os taxistas fazem, acerca da nossa ou da vida deles, do estado do país ou do tempo, uma viagem neste meio de transporte tem tudo para correr mal, mas acaba por correr bem. Vamos com o rabito alampado num carro que está ao nosso dispor e mai nada. 
Hoje foi um dia diferente, hoje o senhor que conduziu o 'meu carro' até casa não fazia cú de ideia do que é isso Lapa, Basílica, Calçada, passados 2 minutos comecei a acreditar que nem sabia o que é o planeta Terra. O taxista era de um dos países de leste, não sei qual, e para ser sincera não percebi caracol do que disse. Percebi pelo ar perdido e voltinhas que deu, que não fazia ideia de onde estava e para onde ia. Lá ajudei e desatei a rir a meio do caminho. Comecei a imaginar uma pessoa, que não soubesse efectivamente o caminho e a tentar ajudá-lo. Havia de ser giro e por momentos estive para dizer: 'Mas não sabe? Eu também não!'. Achei melhor não, afinal quem estava a pagar era eu. 
Foi uma viagem enriquecedora. Não sabia que o rap em russo até soa bem e da próxima vez que for onde não sei ir, levo a porra de um mapa, não vá o leste tecê-las.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Coisas que se descobrem em 3 dias

- Há um restaurante japonês inspirado nos Açores (wtf?), ao pé da assembleia.
- As pessoas insistem em levar crianças com poucos meses para a praia, à hora de maior calor. ( Começo a acreditar que é malta que adora leitão assado).
- Ir à tv continua a equivaler uma viagem ao deserto do Sahara, mas mais povoado, neste caso de gente gira. (Vou avisar a produção que aqueles projectores devem ser de solário).
- Os meus pais adoram ir comigo às compras e escolher artigos exactamente opostos ao meu gosto.
- Há pessoas com uma grande dose de bipolaridade. (Não, não estou a falar do CR)
- Acreditar é uma das coisas que faço melhor, neste caso vou acreditada para o Alive. (Esta valeu um yupi! que acordou a vizinha)
- O aquário do 5pmn está na montra de uma loja, duas ruas acima da minha. (E o tempo que fiquei ali a ver peixes? É que estava a caminho do sushi...)
- Gosto mais do que pensava de uma pessoa que não está nem aí. ( Pensando bem isto pode ser bom para a minha escrita).
- Que me estou a lixar para o facto de o CR ter sido pai, quando o Belenenses elegeu um presidente daqueles. (Qué aquilo pá?)
- O Fizz na praia ainda sabe melhor.
- Ir ao banho com bandeira vermelha equivale a fazer topless intencional. 

sábado, 3 de julho de 2010

Vamos lá ver se nos entendemos

Não faço ideia porque motivo é que as pessoas insistem em fazer isto, mas deve ser alguma coisa que eu não consigo captar. 

A questão é: Não responder a quem comunica connosco.

Queremos falar com alguém ligamos para o telemóvel. Não nos atende e pensamos 'Não pode, depois vê a minha chamada e retribui', pensamos mal. 

Enviamos um sms a fazer uma pergunta, que precisa de resposta imediata e aguardamos resposta até quando a pessoa se dignar a isso. Normalmente a espera alarga até ao dia a seguir.

Estão online no msn, falamos e...não respondem. Podem não estar ali claro, mas o dia todo? É isso é.

Se enviamos um e-mail a desculpa é e será sempre 'Não vou ver o meu e-mail a toda a hora ok?' Não? Devias.


Isto deixa-me doente. É qualquer coisa que anda ali entre o desprezo, a falta de educação e o estado 'ma cagar'. E a mim afecta-me. Talvez porque respondo sempre e gostava que tivessem esse cuidado comigo. A melhor parte disto tudo, é que estas pessoas normalmente, ficam ofendidas se fazemos exactamente o mesmo q eles.

Há coisas que desgastam. Ter de 'andar atrás' de um amigo para falar com ele é uma delas. 

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Saída do messenger

Amiga: Devias ir ler a mão.

Eu: Ã? 

Amiga: Ler a mão, saber o futuro, essas coisas...não?

Eu: Quero lá saber isso.

Amiga: Não? Olha que depois de seres operada as linhas ficam todas escangalhadas e já não dá. 


Ahh...as preocupações do ser humano são tão bonitas. E o que eu adoro o verbo escangalhar?

Ui que é tão bom ler no comboio.

E quem é que pensa isto além de mim? As pessoas que viajam ao meu lado. A todas elas agradeço a companhia que me fazem na leitura do jornal todas as manhãs. Adoro o inclinar de pescoço, o foco do olhar, o sorriso tímido quando mudo a página, no geral aprecio tudo. Até apreciei o facto de um senhor há dois dias atrás ter 'bufado' quando virei a página. Achei tão bonito o seu gesto que voltei a página atrás, olhei para ele e sorri. Mentira, atirei-lhe o olhar de 'tás a bufar? vê lá se eu não me levanto e tu não vês qual é a Scut mais cara do país'. Senti o medo, ou então foi só o gajo a bocejar.


Habemus Blogum


E pronto aqui vamos nós. Ponham os cintos de segurança, a viagem pode ser atribulada.