Hoje contaram-me sobre um documentário que envolve cartéis de droga e métodos de tortura. Um desses métodos consistia em envolver uma pessoa num cobertor a ferver, retirá-lo e a seguir puxar as camadas de pele uma a uma (temos seis). Ainda havia álcool envolvido, de resto como em muitas ocasiões da nossa vida. E eu lembrei-me de ti. De como me recebeste calorosamente, embrulhaste no teu cobertor e a seguir começaste a retirar a pele. Camada a camada ela foi saindo até que fiquei sem nenhuma. Temos seis e eu tenho a sensação que tiraste mais do que isso. O teu álcool foram as palavras que disseste e aquelas que ocultaste. Sabias que ignorar-me funcionava e fizeste questão de provar que eu não valia o esforço. Conseguiste fazer-me acreditar que as pessoas gostavam de me ter perto porque tenho piada, sei umas coisas e tenho alguma presença. Nada mais.
Hoje além do documentário ouvi uma frase, que me fez recuar no tempo e ficar paralisada na rua. A mesma frase. E percebi que a pele voltou a existir, camada por camada, com a mesma espessura. O teu álcool infelizmente ainda não saiu das veias do inconsciente e às vezes dou por mim a pensar que aquilo que disseste um dia, pode ser verdade.
Fecho os olhos e não adormeço. Abro os olhos e não acordo. Por enquanto mantenho-me no espaço entre estes dois estados, até que alguém consiga (queira) acordar-me totalmente ou adormecer a meu lado.
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