quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Frases que mudam dias.


Hoje contaram-me sobre um documentário que envolve cartéis de droga e métodos de tortura. Um desses métodos consistia em envolver uma pessoa num cobertor a ferver, retirá-lo e a seguir puxar as camadas de pele uma a uma (temos seis). Ainda havia álcool envolvido, de resto como em muitas ocasiões da nossa vida.  E eu lembrei-me de ti. De como me recebeste calorosamente, embrulhaste no teu cobertor e a seguir começaste a retirar a pele. Camada a camada ela foi saindo até que fiquei sem nenhuma. Temos seis e eu tenho a sensação que tiraste mais do que isso. O teu álcool foram as palavras que disseste e aquelas que ocultaste. Sabias que ignorar-me funcionava e fizeste questão de provar que eu não valia o esforço. Conseguiste fazer-me acreditar que as pessoas gostavam de me ter perto porque tenho piada, sei umas coisas e tenho alguma presença. Nada mais.

Hoje além do documentário ouvi uma frase, que me fez recuar no tempo e ficar paralisada na rua. A mesma frase. E percebi que a pele voltou a existir, camada por camada, com a mesma espessura. O teu álcool infelizmente ainda não saiu das veias do inconsciente e às vezes dou por mim a pensar que aquilo que disseste um dia, pode ser verdade.

Fecho os olhos e não adormeço. Abro os olhos e não acordo. Por enquanto mantenho-me no espaço entre estes dois estados, até que alguém consiga (queira) acordar-me totalmente ou adormecer a meu lado.


terça-feira, 26 de outubro de 2010

Canções como eu.

O que respondemos?

Quando alguém que devia receitar químicos, receita-nos amor e carinho? Diz-nos que devíamos fazer um estágio, onde só recebesse-mos coisas boas, porque é isso que nos vai tirar da linha d’água?

Há alturas em que não tenho resposta. E nem sei se tudo bem.

domingo, 24 de outubro de 2010

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O telefone toca, atendo. Ela está em silêncio e eu espero.

1- Ele traiu-me.
2- Nem sei que dizer. 
1- Eu sei que tenho defeitos.
2- Todos temos.
1- Tu és melhor que eu.
2- Não sou e não estamos a falar de mim.
1- Achas que ela não tem defeitos?
2- De certeza que tem.
1- Perguntei-lhe se ela é perfeita.
2- Não devias.
1- Ele disse que não.
2- Ok.
1- Eu acho que sim.
2- Não penses nisso.
1- Gosto dele.
2- Ok.
1- Ele diz que gosta de mim.
2- (silêncio)
1- Vou ver o que ele quer fazer.
2- Conta comigo.
1- Eu sei. B.?
2- Sim.
1- Há sempre alguém melhor do que nós?
2- (silêncio) Há sempre mais pessoas querida...mas se ele gostar de ti, pode vir quem vier que não abala isso.
1- És a pessoa mais espectacular do mundo.
2- Não sejas tola.
1- És mesmo.
2- Obrigada.
1- Sabes porquê?
2- (riso) Não faço ideia. 
1- Por isso mesmo, és tanto e nem fazes ideia.
2- Já decidiste o que fazer?
1- Ele que decida.
2- Tens esperança que decida lutar por ti.
1- Tenho.
2- Eu também.



Nestas alturas penso sempre que o amor não é isto. A grande questão, é que às vezes é. 

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Há muitos anos atrás.

O dia que até ali estava bem levou uma volta de 180º. O mundo não parou, apenas o meu ficou estático e eu peguei no telefone para ouvir uma voz. A voz não estava...não esteve. Seguiram-se momentos de agonia e a voz continuou sem soar. O dia fez-se noite e a noite dia. A mensagem que enviei não foi respondida, mesmo expressando que algo se passava. A voz não soou, apenas palavras foram escritas em teclas. Eu não precisava de teclas. 

Nesse dia descobri a fórmula que podem usar se me quiserem magoar a sério: Ignorem-me.
Alguém que queira arrancar-me a pele e passar álcool na carne viva, faça isso. No dia em que o dia deu a volta, eu dei com ele e além da volta dei uma queda. E já no chão, vi o que é nem sequer ter relevância no pensamento do outro. Nesse dia conheci um ponto fraco que desconhecia, sabendo que nunca o poderei combater com mil fortes.

domingo, 17 de outubro de 2010

Às vezes detesto ser humana.

'Ah...está ali uma pessoa a morrer no chão, tens uma pastilha?' 

Gosto de escrever cartas.

E esta saída do Californication, quase me faz acreditar que o amor existe.


"Dear Karen,

If you're reading this, it means I actually worked up the courage to mail it so good for me. You don’t know me very well, but if you get me started I tend to go on and on about how hard the writing is for me.

This is the hardest thing I ever had to write. There’s no easy way to say this so I’ll just say it, I met someone. It was an accident, I wasn’t looking for it, I wasn’t one the make it was a perfect storm. She said one thing and I said another and the next thing I knew I wanted to spend the rest of my life in the middle of that conversation. Now there this feeling in my gut that she might be the one. She completely nuts in a way that makes me smile highly neurotic, a great deal of maintenance acquired. She is you Karen, that’s the good news. The bad news is that I don't know how to be with you right now, and that scares the shit out of me. Because if I am not with you right now I have this feeling we will get lost out there.

It’s a big bad world full or twist and turns and people have a way of blinking and missing the moment. The moment that could of changed everything. I don’t know what’s going on with us and I can’t tell you should waste a leap of faith on the likes of me. But damn you smell good, like home and you make excellent coffee that has to count for something. Call me!

Unfaithfully yours,

Hank Moody"


Dizem que sou doida e que cheiro bem, há esperança portanto. Amén Hank.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Pequenas considerações

- O dia pode correr muito mal e ainda assim correr bem.
- Se deixarmos o pacote de bolachas aberto por preguiça, as bolachas amolecem e arrependemo-nos.
- Ser romântica é um desastre.
- Continuo a gostar de escrever cartas.
- Ter aprendido a fazer massagens com o meu pai é porreiro, mas depois nunca ninguém mas faz.
- Não consigo resistir ao bolo de bolacha do sítio de sempre.
- Apetece-me muito o que não posso dizer alto.

Largar a mão


Por mais voltas que consigamos dar aos argumentos, há alturas em que já não temos volta a dar. Admitimos o inadmissível e seguimos em frente, sem medos. Ontem deitei-me na cama enquanto esperava a calma e pensei muito. Percebi que tenho um muro imperceptível, porque todos acham que sou acessível, que não consigo chorar perante os outros de forma fácil, porque não gosto de mostrar fragilidade e acima de tudo percebi porque provoco os outros. Não é um acto pensado, nunca foi, mas existe e é irritante, para os outros e também para mim. O muro que construí é feito de movimentos bruscos, que tentam mostrar que sou forte, que não me deixo enganar e levar. A realidade é que não sou forte como pensava, acredito nas pessoas e muitas vezes elas desiludem-me. E depois sem saber porquê atiro frases provocadoras para ver o resultado, ficando depois triste comigo mesma por fazer isto a quem gosto. O problema é que ontem do nada consegui explicar a mim mesma o que é isto. Ontem expliquei-me que no fundo quero ouvir da boca dos outros o contrario do que digo, quero ouvir que estou enganada e que afinal está tudo bem. As pessoas que passam por isto normalmente são aquelas de quem mais gosto. Essas pessoas são aquelas em quem confio, portanto ‘picá-las’ não faz sentido e só me faz passar por ‘uma gaja lixada’. Nunca fui assim, o tempo fez-me desta maneira e eu não quero mais. O verbo mudar nunca foi fácil de conjugar, em nenhum dos tempos, mas eu já decidi que o presente e o futuro ficam-me muito bem.

sábado, 9 de outubro de 2010

00:00:05

São momentos muito breves, mas acontecem. Segundos em que fico gelada com o pensamento na garganta. Momentos passageiros é verdade, mas que nos acordam ou adormecem, nem sei bem.

'Se desaparecer neste exacto momento, pouca gente irá dar pela minha falta.'

E são dos segundos mais longos que existem. 

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Cortar unhas - Acto Isolado

Estação do Cais Sodré perto das 9:00 da manhã. Uma,duas, três, quatro, cinco portas e entro, procuro lugar e sento-me. O lado esquerdo está cheio, resta o lado oposto ao mar. Arranca. Hoje não leio, fecho os olhos e...'crac, crac, crac'. Não abro os olhos, meto a mão na mala sem ver e saco os phones, em movimento rápido ponho e ligo a música. O barulho é demasiado sonoro para não ouvir. As persianas abrem e lá está ele a cortar as unhas, como se estivesse numa gigantesca casa-de-banho e nós com ele. Olho-o fixamente, ele retribui e continua na dele. O resultado está no chão por baixo do seu banco...unhas e mais unhas acumuladas. Olho-o novamente e ele nada. Penso que por magia o corta-unhas podia arrancar-lhe meio dedo, que eu não ia mover palheta para ajudar. E se estão a pensar que estou a exagerar, não pensem, eu parei de conseguir fazer isso logo de manhã ao soar do primeiro 'crac'. 


Sem merdinhas

Apetece-me andar nua em cima de ti. 

E depois enrolar-me no lençol como nos filmes e passear-me pela casa. Fumar um cigarro sem me importar com quem está à janela porque vou estar em personagem 'noir'. 

Sem merdinhas hoje apetece-me mimo, daquele que não se compra em prateleiras da h&m. Daquele que se encontra facilmente no chão da sala.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A palavra que se aprende a ouvir.

Desde miúda que oiço a seguinte frase 'tens de aprender a dizer sim'. Por várias vezes dei por mim a pensar o que significava, hoje em dia sei. Nunca fui pessoa de pedinchar, exigir ou coisa que o valha e era isso que incomodava. Lembro-me bem do dia em que me quiseram dar um carro e recusei. A carta ainda não tinha sido tirada e não via necessidade nessa despesa. Os amigos chamaram-me tola, eu chamei-me racional. O meu não sai normalmente em prol dos outros e não de mim mesma. O meu não recusa o excesso que não me é necessário. Se me pedem um favor o meu não deixa de existir. 
O não dito é diferente do não ouvido. E o pior não que podemos ouvir, é aquele que dizemos a nós mesmos. Aquele não que nos obriga a agir racionalmente, deixando a emoção de lado. Esse, faz o coração ficar colado às costas sem passar pela casa da partida. Sustemos o ar e seguimos em frente, num caminho que às vezes parece mais enevoado que uma estrada nacional nortenha. 
Desde miúda que oiço a frase 'tens de aprender a dizer sim'. Desde miúda que acho que temos todos de aprender a dizer e ouvir um não.